Escrita por: Amanda Kassis
Este texto contém spoilers sobre o desfecho do episódio.
Em sua segunda semana no ar, 'Murderbot' retorna expandindo a ambientação e escalando a tensão em uma sequência que parece ter durado apenas um piscar de olhos. O novo sci-fi da Apple TV+ aposta no formato de menos de 30 minutos, o que é uma escolha ousada para construir um mundo rico e tão diferente do real, porém executa bem seus objetivos para entregar um novo capítulo empolgante — apoiando-se no uso dos elementos gráficos da Inteligência Artificial do protagonista, que tornam a experiência mais rica.
Os preparativos para uma excursão perigosa compõem a cena de abertura do episódio “Risk Assessment”. Com exceção da professora Bharadwaj (Tamara Podemski) e do Dr. Gurathin (David Dastmalchian), os membros da equipe PresAux partem rumo ao outro lado do planeta. Curiosamente, após as desconfianças em relação ao Murderbot (Alexander Skarsgård), chamado de SecUnit pelos outros personagens, a maioria começa a ver o ciborgue como integrante da equipe e tenta — de uma forma ou de outra — incluí-lo. Porém, como esperado, o protagonista apenas gostaria de continuar assistindo à sua novela em paz sem precisar lidar com as complexas emoções humanas ao seu redor.
Sem dúvida, a interação mais interessante do conjunto é aquela entre a Drª. Mensah (Noma Dumezweni) e o personagem de Skarsgård. A líder da equipe se vê confortável o suficiente para se abrir com ele, ainda que suas confissões e vulnerabilidades não sejam bem recebidas pelo SecUnit. De fato, a protagonista da história mostra-se uma figura solitária, por precisar esconder certas preocupações e ansiedades dos outros, em busca de manter a calma e o equilíbrio daqueles sob sua responsabilidade. O ciborgue é como uma exceção à regra, porque sua natureza artificial o torna capaz de fisicamente cuidar de si e, tecnicamente, não deveria gerar preocupação sobre seu estado emocional — afinal, ele é essencialmente um equipamento. Neste ambiente hostil, é visto como o único com quem ela pode verdadeiramente dividir o fardo. Entretanto, para o SecUnit, esse fardo é pesado demais e opta por fazer o que faz de melhor: bloquear tais emoções.
Deixando as questões emocionais dos personagens de lado, a chegada ao destino é uma explosão de cores e novidades. A fauna e flora do outro lado do planeta é rica em detalhes, contrastando com os cenários pasteis e vazios que a equipe PresAux está acostumada. Aqui, é interessante destacar que lugares tão coloridos, principalmente os vistos durante as cenas da novela Sanctuary Moon, são incomuns em produções de ficção científica, que costumam adotar pouca luminosidade e tons de cinza.
No clímax do episódio, não era segredo algum que a equipe DeltFall estava morta. Murderbot decidiu explorar o habitat sozinho, onde encontra destruição e sangue que revelam um plot twist surpreendente: não foi uma criatura que causou aquela carnificina, mas um outro SecUnit — que se rebelou contra aqueles que deveria proteger. O motivo? Bom, a audiência sabe tanto quanto o protagonista: o sistema foi hackeado e o responsável ganha apenas alguns segundos de tela antes de atacar Murderbot e deixar o futuro do protagonista em risco.
Definitivamente, o episódio 3 fornece mais perguntas do que respostas, mas a escalada de tensão é bem-vinda para deixar claro que essa narrativa não é um retiro intergaláctico cômico onde a ameaça são criaturas gigantes, mas algo mais complexo que parece apontar para alguma conspiração da Corporation Rim — tão citada ao longo do episódio.
Será que Murderbot escapará sozinho do perigo? A equipe paz e amor da PresAux desafiará suas recomendações para resgatar o companheiro de metal ao estilo "nenhum soldado fica para trás"? A resposta fica para sexta-feira que vem, dia 30 de maio, quando um novo episódio estará disponível no streaming.
Nota: 8,0