Crítica - The Night Agent

Escrita por: Amanda Kassis

'The Night Agent' ('O Agente Noturno', no Brasil), o novo thriller da Netflix, é baseado na obra homônima do americano Matthew Quirk, conhecido pelo best-seller 'Os 500'. Esta série entrega uma narrativa de tirar o fôlego envolvendo espionagem, jogos políticos e muita traição dentro da Casa Branca, e acaba se destacando em meio ao mar de produções medíocres que preenchem os catálogos dos principais streamings. 

A narrativa apresenta Peter Sutherland (Gabriel Basso), um jovem agente do FBI que está desperdiçando os seus talentos no porão da Casa Branca, onde fica localizada uma linha telefônica de emergência noturna para espiões do governo. O seu trabalho pode ser resumido em analisar relatórios, enquanto vigia um telefone que nunca toca. Porém, numa madrugada qualquer, ele atende uma ligação e o seu destino é colocado em rota de colisão com uma das maiores conspirações dentro do governo americano.

Do outro lado da linha está a protagonista Rose (Luciane Buchanan), uma talentosa especialista em segurança online que acaba de ser demitida da sua própria start-up. Ela conseguiu o número da linha de emergência com os seus tios, espiões do governo que estão sendo atacados por assassinos de aluguel. Por meio do telefone, Peter consegue ajudá-la a escapar com vida, mas, por ter visto o rosto de um dos assassinos, ela também acaba se tornando um alvo. Enquanto o FBI investiga os acontecimentos, ele recebe a missão de protegê-la.

Em busca de vingar a morte dos tios e terminar a investigação que haviam começado, algo que tem potencial de revelar traidores dentro do alto-escalão da Casa Branca, Rose decide confiar apenas em Peter. Aqui, há uma protagonista que não se encaixa no padrão associado às personagens femininas deste gênero de produção. Ela não é uma dama em perigo, porém, é alguém que ativamente ajuda a desvendar os mistérios dessa conspiração e, por muitas vezes, é quem acaba salvando a vida do jovem agente do FBI.

O próprio Peter foge da fórmula de agente secreto tão comumente vista em thrillers. Ele não é um personagem amargurado e exausto por causa de sua linha de trabalho, mas é uma pessoa que segue as regras, luta pelo que acredita, e que se doa de corpo e alma para proteger sua nação. À medida que a narrativa avança de forma frenética, a dupla cria um laço que extrapola os limites entre protetor e protegida, entregando química em cena e diversas sequências de diálogos envolventes e com um toque de humor que deixam a audiência ainda mais interessada em saber como as peças desse quebra-cabeça se encaixam.

Como qualquer spoiler sobre o enredo poderia ser prejudicial para a experiência da audiência, este texto não abordará a conspiração em detalhes. Pode-se dizer que é uma história bem-elaborada, repleta de plot twists que mantêm a audiência engajada em todos os episódios, e não há calmaria em momento algum enquanto o destino do país está em jogo.

Além dos protagonistas, a série apresenta outras figuras que até não podem parecer peças-chaves, mas estão entrelaçadas nessa conspiração. Tais como a filha do vice-presidente (Sarah Desjardins), a líder de sua equipe de proteção do Serviço Secreto (Fola Evans-Akingbola), um herói americano (D.B Woodside), e também há um plot dedicado aos próprios assassinos, interpretados por Eve Harlow e Phoenix Raei.

Por sinal, o único ponto negativo relevante em 'The Night Agent' é o tempo de tela dedicado aos assassinos de aluguel. Existe uma tentativa do roteiro de humanizá-los, ao ponto de exibirem os seus sentimentos conflitantes ao pensarem em ter um bebê. Não do modo convencional, mas sequestrando um para "deixarem um legado quando morrerem". Essa não é uma daquelas produções nas quais parte da audiência torce pelos vilões, pois os apresentados aqui são deturpados demais e os mocinhos são mais interessantes.

Enquanto ocupa o TOP 1 de séries mais assistidas da Netflix Brasil em seu fim de semana de estreia, não se pode negar o acerto por trás de 'The Night Agent'. Essa série possui todos os elementos de uma fórmula de sucesso: bom orçamento, elenco cuidadosamente selecionado, sequências de ação bem coreografadas, e um mistério inteligente que prende e surpreende os espectadores. Para resumir: esse é o tipo de produção que deveria ser a regra ao invés da exceção nos catálogos de streaming.

Ficou curioso? Os 10 episódios da 1ª temporada já estão disponíveis na Netflix.

Nota: 8.6