Escrito por: Pedro Rubens
Não sei se isso é novidade apenas para mim, mas particionar um filme em episódios e distribuí-lo como série foi algo que me surpreendeu. A convite do Petra Belas Artes À LA CARTE assistimos aos dois primeiros episódios de A Dark, Dark Man, que foi lançado nos cinemas originalmente em 2019 mas agora ganhou uma “versão” dividida em 3 episódios. Mas até que ponto essa “nova forma de fazer série” é viável?
Um menino é morto em uma pequena cidade do Cazaquistão. O detetive Bekzat quer encerrar rapidamente o caso, afinal, um culpado já foi encontrado pela polícia local. Mas quando chega uma jornalista da cidade grande tudo desmorona. Agora Bekzat deve conduzir uma investigação real seguindo os procedimentos pela primeira vez em sua carreira.
A premissa não é inovadora e esse é um enredo que já conhecemos de tantas outras produções, principalmente filmes! Muitas vezes esse nem é o arco principal, mas sempre ouvimos histórias desse tipo através de algum personagem secundário. No entanto, a falta de inovação no plot não é o problema aqui.
A maior dificuldade é encaixar um filme em episódios e distribuí-lo de tal forma que funcione. O que de fato não acontece…
O cinema cazaquistanês é muito peculiar. São takes e mais takes apenas contemplando o ambiente, mostrando a cena e exigindo do elenco atuações que venham a complementar o momento. Em meio às poucas falas, cabe à direção e à equipe de fotografia propor uma experiência imersiva. E talvez, como filme, as coisas funcionem em A Dark, Dark Man.
A crítica aqui não é à forma do Cazaquistão de fazer cinema, pelo contrário! Talvez essa seja sua forma de mostrar ao mundo como eles são em sua essência. Sem apresentar apenas os horrores das guerras civis e políticas, sem uma película cinza que tire toda a vida existente ali.
O problema é que filmes e séries são duas formas narrativas diferentes. Por mais que sejam mídias que possuem semelhanças, ainda assim não tem completa equivalência. O roteiro de um filme é mais apressado do que o roteiro de uma série. Um precisa acelerar as ações e resolver logo o caso enquanto o outro tem tempo para desenvolver a ideia.
A Dark, Dark Man é visualmente linda, com uma trilha sonora e mixagem de som que não deixa a desejar em absolutamente nada! Mas infelizmente não tem ritmo para ser uma série e sofre por isso, precisando se arrastar vagarosamente por episódios sem ânimo e apenas contemplativo. Como filme pode até funcionar, mas falta algo a mais que nos faça aceitá-la como produção televisiva…
A partir de hoje, 27 de junho, os 3 episódios já estão disponíveis no Petra Belas Artes À LA CARTE.
Nota: 7.0