Escrito por: Edson Rafael
A história drag não começou ontem nem hoje. Temos nomes incríveis no mundo como a RuPaul, criadora do RuPaul’s Drag Race, reality drag mais famoso internacionalmente, e temos nomes nacionais como a Silvetty Montilla que começou a se montar quando ainda chamávamos as pessoas que praticavam esta arte de Transformistas. Nomes importantíssimos em suas culturas para pavimentar o chão de tantos nomes que ainda iriam vir. Como não lembrar da lendária (e diria eu, perfeita) Gloria Groove e tantas outras que estão se destacando no cenário nacional e indo conquistar o mundo? Até que chegamos à época dela, ela mesma, a diva, a queen supreme, mais conhecida que a noite de Paris, a drag mais seguida no Instagram , Pabllo Vittar, mainha, que se consagrou como cantora.
Na apresentação da primeira competição original da HBO Max com drag queens, junta-se à Pabllo, a cantora Luisa Sonza. No painel de jurados, temos a cantora Vanessa da Mata, o ator, cantor, neto do dono do baú, Tiago Abravanel, e o Diego Timbó, produtor musical e compositor. Além deles, alguns jurados convidados aparecem a cada episódio, como a Cleo (ex-Pires), Karol Conká, as drags Gloria Groove e Aretuza Lovi. Para fechar esse time maravilhoso, temos os responsáveis por ajudar nossas queens na dança, voz, visagismo e direção artística, são eles: Bruno Barbosa, Blacy Gulfier, Michelly X e Flávio Verne, respectivamente.
O primeiro episódio do Queen Stars Brasil traz 20 drags cantoras que se apresentam de forma individual mas competindo em uma chave de quatro drags, cada chave com uma mesma música para todas as integrantes. Assim que elas se apresentam, uma já é eliminada pelo painel de jurados e seguimos para a próxima chave. Ao todo, são 5 chaves, sendo eliminadas 5 queens. E aqui vai um ponto fraquíssimo do primeiro episódio: edição. O cenário está maravilhoso, os looks, as personalidades, já se mostram como pontos fortes, mas a edição deixa a desejar. O episódio, por se passar em 45 minutos, mostra pouco de cada apresentação e mesmo assim, enquanto as divas estão cantando, mostram as concorrentes se preparando no “dragstage” (como chamam o backstage), o que acaba atrapalhando a experiência que temos com a performance. Talvez se o episódio tivesse 15 minutos a mais e com uma edição mais certeira, teríamos um melhor sabor de quem são as participantes e torcer um pouco mais por elas.
Chegamos ao segundo episódio com 15 drags e uma nova dinâmica, agora elas já sabem que o reality formará uma drag band com 3 delas pela Universal Music no final da competição, então nada mais justo que testá-las em trio. Temos 5 músicas performadas e podemos descobrir um pouco mais sobre as manas. A edição continua me incomodando com seus cortes bruscos para mostrar bastidores enquanto uma apresentação está rolando. Uma coisa que gostei nesse segundo episódio foi que eles não eliminam necessariamente uma cantora de cada trio, mas julgam individualmente no final do episódio e a eliminação vai por esse lado mais particular mesmo. Isso evita que uma queen seja eliminada mesmo que todas no seu trio foram maravilhosamente bem. Por fim, perdemos mais 5 concorrentes.
Enfim o terceiro episódio, e eu creio que é aqui que engatamos a série e temos um vislumbre que podemos sim ir até o fim (ainda bem que liberaram três episódios de uma vez). Neste, as nossas “cantouras” recebem pela primeira vez o apoio da equipe de dança, voz, paisagismo e direção artística e se apresentam com balé, individualmente, com uma música escolhida por elas mesmas. É aqui, com metade das queens que entraram na competição, que passamos a ter um gostinho de quem elas realmente são. Até os cortes no meio das performances foram menos bruscos e me deixaram mais confortável assistindo. Ao final do episódio, o papel das apresentadoras muda um pouco e elas também se tornam um pouco juradas. Elas escolhem três drags para salvar da eliminação do atual episódio e se apresentar como trio no próximo. Além disso, esse trio ganha um poder sobre aquelas que ainda estão passíveis de eliminação (tem que assistir pra descobrir). Aqui, apenas uma é eliminada.
Foi com erros e acertos que Queen Stars Brasil nasceu, mas veio ao mundo cheio de purpurina e no salto 15. Mesmo com seus defeitos, é uma produção da nossa casa que deve ganhar o mundo e eu não perderia isso por nada. Eu super recomendo se você gosta de música pop, ou do mundo fantástico das drag queens, ou de reality shows, ou tudo isso junto. Prometo que você terá um bom passatempo.
Nota: 7.33