Escrito por: Thalita Martins
Há algum tempo a tendência de revivals e reboots se mostrou como um rumo certo para o audiovisual. Entre tantos erros e acertos, Head of the Class (2021) está no meio, a dúvida é para que lado a série tenderá. Preciso clarificar mais uma vez que não vi a série original lançada em 1986 pela ABC, então não tenho parâmetros para comparação.
Porém, o que eu posso fazer é afirmar que a versão lançada pela HBO Max em 2021 buscou se adaptar à contemporaneidade. A série manteve a atmosfera do sitcom clássico que é muito nostálgica para os seriadores millennials: atuações mais caricatas e as risadas exageradas ao fim de alguma cena “boba”. Isso para mim é muito gostoso e ainda me traz toques doces à memória.
Os personagens são bons – simpatizei com absolutamente todos, o que é fundamental para termos vontade de acompanhar uma produção. Não importa o quão bom seja um roteiro, se os personagens não convencem o telespectador tudo pode ir por água abaixo. Um exemplo clássico é o Michael Scott da season 1 e o Michael Scott da season 2 em The Office. Sem essa mudança central The Office não teria virado o fenômeno que conhecemos hoje, mas provavelmente teria caído no limbo do cancelamento e seria lembrada como mais um flop da NBC.
E ter bons personagens é importante para alcançar o que parece ser o objetivo da série: ser um sitcom bobo, mas que consegue trazer discussões emergentes e importantes de forma leve. Neste ponto entra o que citei acima, a adaptação. No piloto foi abordado sobre a cultura do cancelamento e acredito que não exista um tema mais atual – e preocupante – quando falamos de sociedade e internet. Ainda no piloto, em apenas 2 frases, tivemos críticas sobre machismo e o privilégio branco. Foram duas tiradas simples, claro, mas ainda assim válidas.
A verdade é que eu não tenho muito a falar sobre a série, mas deixei para o final o que mais me cativou: a naturalidade na qual abordaram a homossexualidade. Muitas sitcoms antigas abordaram o tema e tiveram, sim, sua importância. Mas o terreno na época não permitia que fosse abordado sem alguma controvérsia no enredo. Em Head of the Class (2021), vemos um personagem gay que não é definido pela sua sexualidade e seu amigo heterossexual falando sobre isso sem tabus e piadas em torno. Eu não assisti a série original para saber se algo do gênero foi feito, mas eu fico muito feliz em saber que existe a representatividade sem a caricatura que normalmente a acompanha. Estou curiosa para ver se a série abordará homofobia e, caso aborde, como fará.
E meu diagnóstico é: gostei bastante. A nota do piloto no BdS está 7.0 e eu confesso que não acho justo, mas tudo é relativo e talvez o sentimento nostálgico não bateu em todo mundo. Agora vou procurar um tempo na minha vida para conseguir deixar Head of The Class na grade.
Nota: 8.5