Escrito por Tom Carvalho
Com a (ainda presente) pandemia da Covid-19, a indústria norte-americana de entretenimento teve uma série de desafios para manter a criação de conteúdo para TV e streamings em dia. Entre elencos limitados, testagem constante dos atores e até episódios 100% gravados via internet, as animações que já representavam um fiel número de espectadores, ganharam ainda mais força. Reboots de animações do passado e novas produções do gênero têm tornado o segmento altamente lucrativo e o Prime Video obviamente tem embarcado nessa estratégia.
Fairfax é a produção que marca o início de um contrato de 16 episódios entre os criadores Matt Hausfater, Teddy Riley e Aaron Buchsbaum com o Amazon Studios. Cada temporada terá 8 episódios de 30 minutos, então a série já começa renovada para um segundo ano. Vale destacar aqui que Peter Knight, um dos produtores executivos de BoJack Horseman (e da injustiçada Jeff & Some Aliens, cancelada após uma única temporada) também assina como time criativo na animação.
O tema apresentado nos primeiros minutos do episódio piloto não podia ser mais atual: a cultura do hype. A série aborda temas como cultura de consumo, o papel das redes sociais, streetwear, as trends que acompanham adolescentes e jovens adultos e o impacto que isso traz para toda uma geração.
Dale, um “estrangeiro” se muda do estado de Oregon para Fairfax, na Califórnia e é por meio de seus olhos que entendemos um pouco mais da cultura por trás do streetwear e a obsessão que as redes sociais criam em torno de produtos como camisetas, pares de tênis e qualquer outro artigo que represente retorno financeiro pras grandes marcas que exercem tanto poder principalmente na Internet. Esse primeiro episódio transborda de referências à cultura pop em geral e até conta com a participação de celebridades. Obviamente tudo com muito deboche, então se você não curte um besteirol de vez em quando, talvez não seja a melhor animação para você.
O que a série entregou: um retrato bem exagerado mas também hilario da cultura de obsessão em consumo e como tornar algo comum em um hype instantâneo. Os temas abordados são tratados de forma bem sincera e fica bem claro como tudo é bem absurdo e estereotipado, tanto na ficção quanto na vida real.
O que não veio aí: eu gostaria de ter visto mais piadas engraçadas. Tudo é muito bem pensado e ver a realidade estampada na tela de forma tão cômica foi uma boa sacada mas o piloto pareceu se preocupar mais com aprofundar o telespectador na realidade dos personagens principais do que nas risadas.
Nota: 8,0
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Vai pra grade. Espero não me arrepender.
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