Escrito por: Juliana R. Pimentel
Criada por BJ Novak, de The Office, The Premise é um conjunto de “histórias de meia hora com um pouco de comédia e um pouco de drama, com ótimos atores e assuntos interessantes.” A primeira temporada da série, que estreou com dois episódios, será composta de apenas cinco capítulos.
Uma antologia sobre temas relevantes com recortes e estudos sociais e pessoais, em uma breve temporada, com um narrador que introduz o tema do episódio. Talvez essa descrição soe familiar. O que difere The Premise de grandes nomes como Black Mirror e The Twilight Zone é, além da falta do sobrenatural e do futurístico, o tom e a voz de BJ Novak.
O primeiro dos dois episódios conta a história de um homem negro preso injustamente com base em falso testemunho da polícia. Ethan Streiber (Ben Platt), um millenial branco que postou, deletou, repostou e deletou novamente um quadrado preto em combate ao uso excessivo de força das autoridades estadunidenses, possui evidência que tem o poder de desmentir os acusadores: uma vergonhosa sextape.
O episódio analisa o papel de um aliado, até onde ele está disposto a se sacrificar para combater o sistema e se ele ao menos quer, realmente, combater o sistema que o beneficia. Tudo isso é feito através de muito humor às custas do caricato personagem de Ethan.
Ao longo do episódio Ethan é testado repetidamente e em toda ocasião diz ou faz algo bizarro, inapropriado ou errado. Ben Platt brilha ao interpretar essa figura bizarra com toda a ridicularidade que ela exige. Tracee Ellis Ross e Ayo Edebiri trazem a vida as poderosas advogadas de defesa que convencem Ethan, citando o musical Hamilton, a “não desperdiçar a sua chance” de ser um herói.
A série não conta histórias apenas através da lente humorística, com o segundo episódio abordando o tema de armas de fogo com muito mais delicadeza, seriedade e drama do que o piloto. O episódio, escrito e dirigido por BJ Novak, foi o que mais personificou a premissa idealizada por seu criador. Ao seguirmos Chase, interpretado por Jon Bernthal (The Walking Dead, The Punisher), um recém chegado funcionário da organização nacional de lobismo político por armas de fogo dos Estados Unidos, este tema político e social polarizante se torna mais que apenas uma pauta.
A atuação de Bernthal e a direção de Novak foram fatores essenciais para que esse episódio funcionasse. E funcionou. Em apenas 30 minutos foi abordado com muita naturalidade e eficiência os argumentos de ambos lados desse embate, sem desviar do verdadeiro objetivo da série: contar histórias sobre a existência atual através do foco nos personagens, suas experiências, reações e conflitos.
Acredito que o lançamento duplo desses dois episódios específicos tenha sido estratégico. O contraste do caricato e satírico “Social Justice Sex Tape” com o dramático e intenso “Moment of Silence” parece mostrar que Novak pretende habitar ambos os lados do espectro de gêneros com The Premise.
A julgar por essas duas obras, os episódios dramáticos terão não apenas mais impacto no público como a minha preferência. E você, qual dos dois episódios te agradou mais?
Mais três episódios de The Premise serão lançados nas próximas quintas-feiras, na Hulu. A série chegará no Brasil através da Star+ em breve.
Nota: 8.0
Depois de ler esse texto vou ter que conferir
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Eu assisti os dois episódios e fiquei com muita vergonha alheia em um e muito chocado no outro. Eu acho que se esses dois episódios fossem um prato, seria o Romeu e Julieta. Adorei sua review, Julhana. < 3
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canetada de bj novak E julhana pimentel? não tem como não assistir
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