Escrito por: Pedro Rubens
Existe uma linha tênue que toda e qualquer produção precisa saber caminhar perfeitamente. Ao escolher contar uma história de suspense, por exemplo, é necessário escolher entre cair no clichê que todo mundo já está acostumado e gosta, gerando assim a certeza de que vai haver um determinado público para consumir, ou dar um tiro no escuro e inovar contando uma história inédita.
Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes, nova série norueguesa da Netflix, conta uma história vivenciada na pequena cidade de Skarnes. Seguindo o arco da família Hallangen, donos da funerária da cidade e que está diante da falência, a série gira em torno da jovem Live que abruptamente é encontrada morta mas volta à vida. A partir daí uma teia de investigação, suspense e muitas revelações relacionadas ao passado da família precisam ser solucionadas para que esse acontecimento tenha uma possível explicação.
Diferente de muitas produções estrangeiras que tentam cativar o público com histórias simples mas em locações incríveis, explorando todo o potencial geográfico de onde está sendo filmado, Post Mortem não se atém tanto ao cenário e à beleza das paisagens Norueguesas. Pelo contrário, tente analisar os cenários e perceba que o design de produção aparenta ser bem descuidado e talvez isso seja proposital para que a atenção esteja na história e não no background.
E justamente pelo foco ser na narrativa, o roteiro é muito bem trabalhado e pega elementos clássicos do suspense e utiliza-se dos plots de forma benéfica sem cansar o espectador. Isso acontece através da apresentação dos personagens, estabelecendo o núcleo onde estão inseridos ou simplesmente ao contar histórias já vivenciadas ali na cidade.
Por mais que o episódio vá entregando pistas sobre os acontecimentos atrás da suposta morte de Live, ainda assim quando as peças começam a se encaixar o clímax é muito bem forjado e deixa o espectador satisfeito com o caminho percorrido até ali. E isso acontece porque não é apenas uma peça que encaixa e completa a história, colocando um ponto final, pelo contrário, é mais uma vírgula para prosseguir com a narrativa.
Atrelado ao suspense caótico da série, há um humor para quebrar toda a tensão. Enquanto Live precisa lidar com os acontecimentos pós-morte e ressurreição, seu irmão Odd que trabalha com o pai, Arvid, na funerária da família traz equilíbrio para a série. Talvez pelo negócio da família estar quase falindo ou pela maneira que conduz seu relacionamento com Rose, o alívio cômico aqui é desequilibrado e aparenta ser algo forçado, mas curiosamente funciona muito bem.
Investir num suspense que aparentemente opta por fugir do clichê e inova com um enredo diferente daquilo que já estamos habituados a ver, pode fazer de Post Mortem um grande acerto da Netflix. Ainda não é possível saber qual o rumo que a investigação vai tomar, qual caminho a funerária vai seguir, se há ou não algum teor sobrenatural de fato nessa história, mas só pela capacidade criativa apresentada no episódio piloto já vale a pena levar adiante e assistir os demais episódios.
Nota: 8,5