Escrito por: Pedro Rubens
Se você parar para analisar as produções, televisivas ou cinematográficas, sempre passam por períodos em que se dedicam a atender determinado público. Já passamos pela fase onde todos, ou quase todos, os estúdios decidiram investir em distopias, gangsters, comédia pastelão e talvez estejamos vendo um certo crescimento de séries sobre gente rica fazendo coisas de gente rica. Mas isso não quer dizer que todas serão iguais...
Nine Perfect Strangers, nova série do Hulu e com exibição no Brasil pelo Amazon Prime Video, se baseia na obra de Liane Moriarty e nos conta a curiosa história de nove pessoas que decidem tirar alguns dias de descanso num retiro. Membros da mesma família que foram juntos, ou pessoas que foram sozinhas optam por se isolar da rotina que vivem e refugiam-se no Tranquillum House.
Como muito bem diz o nome da série, são nove pessoas completamente estranhas e isso fica evidente a todo momento, seja pela conjuntura econômica dos personagens, onde uns são completamente ricos e outros dependem de desconto para se instalarem no resort. Isso tudo vai sendo evidenciado porque o episódio piloto faz aquilo que precisa ser feito: apresentar os personagens e a ideia da série, sem enrolação.
As histórias individuais vão sendo trabalhadas de tal forma que não mostrem apenas as características dos novos hóspedes do resort, mas apresentando ao público o contexto de onde eles saíram para chegar até ali. Isso permite ao roteiro entregar ao público a objetificação de cada um sobre o Tranquillum House, cada um segundo seu próprio achismo...
Enquanto uma acha que vai encontrar massagens e métodos para emagrecer, outro deseja apenas uns dias em família para se reconectarem e ouvirem uns aos outros, encontrarem em si a fórmula que levará ao conserto daquilo que está de errado na conjuntura familiar.
Mas o episódio não se limita à visão dos inquilinos e mostra o outro lado da história, onde os próprios funcionários mostram sua devoção aquele lugar curiosamente místico e liderado por uma mulher enigmática e que promete causar dor em todos aqueles que passam por suas mãos.
O roteiro do episódio piloto é muito bem estruturado e funciona como um bom primeiro ato, introduzindo a história central da série e apresentando os arcos secundários dos personagens. Por outro lado, para evidenciar a aura sagrada do local, a fotografia se utiliza da luz natural totalmente a seu favor e cria um ambiente puro, limpo e lindo de ser apreciado.
O elenco de peso termina de embelezar a série com a grandiosidade das suas respectivas atuações, que atreladas a direção muito bem assertiva constroem um episódio piloto capaz de se destacar e ganhar seu espaço dentre as demais séries de “gente rica fazendo coisas de gente rica”, dada sua respectiva singularidade na forma de contar a história.
O episódio piloto pode lhe trazer à memória várias outras séries parecidas, inclusive a recente The White Lotus, mas fazer qualquer comparação entre elas é reduzir ambas a um achismo muito inferior àquilo que as séries são individualmente. Cada uma tem seu espaço e relevância diante da abordagem que está seguindo.
Nine Perfect Strangers aponta para onde quer chegar e já apresenta prelúdios do fim, dado os indícios que a série já apontou no seu primeiro episódio. Se vai trazer algo doloroso para nós, como promete a personagem de Nicole Kidman, ou vai ser algo prazeroso de ver, só saberemos quando a temporada acabar. Mas acho que vale a pena adicionar na grade e levar adiante...
P.s. Ao primeiro pensamento comparativo entre Nine Perfect Strangers e The White Lotus talvez seja a hora de revisitar as séries e perceber que não há quase nenhuma semelhança entre elas. Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado.
Nota: 8,5
Texto incrível 👏🏽👏🏽👏🏽
|
1 0 0 |
Ao persistir os sintomas os médicos deverão ser consultados. Amei kkkkkkkkk Pedro ótimo como sempre
|
2 0 0 |
|