Escrito por: Pedro Rubens
Acredito que produzir uma série, ou filme, é um trabalho de constante busca por harmonia. Tudo precisa estar alinhado com o propósito da obra, desde o roteiro, atuação, direção, fotografia, design de produção, trilha sonora, mixagem e edição de som, figurino… Absolutamente tudo precisa trabalhar em uníssono na construção daquilo que se propõe, mesmo que seja uma harmonia caótica, desconcertante e desconfortável.
The White Lotus, nova série da HBO, consegue atingir esse limiar ao apresentar ao público um show onde turistas decidem embarcar em direção ao luxuoso hotel que dá nome a série para aproveitar uma semana de férias e descanso.
Mike White é a mente por trás de tudo isso, não apenas por criar a série mas também por assinar como produtor executivo e diretor, o que garante total domínio criativo e isso já fica evidente desde a curiosa abertura da série, que além de linda tem uma trilha sonora minimamente estranha, que parece destoar entre a beleza das cenas que são apresentadas em tela e o que está sendo proporcionado para nossos ouvidos.
Por mais que se trate de uma série de comédia, curiosamente tudo causa desconforto e incomoda o suficiente para fazer o espectador soltar aquela risadinha constrangida nos momentos de piadas, que são bem inteligentes diga-se de passagem, abusando de um humor ácido e satirizando a burguesia que adentra pelos corredores do Hotel White Lotus.
Os personagens são trabalhados de forma caricata, mas ao mesmo tempo abraçam a realidade através de uma abordagem sobre os constantes dilemas que existem na sociedade atual, vide a ênfase que a série dá ao personagem de Jolene Purdy que se submete a necessidade de permanecer no emprego enquanto tem que esconder uma questão muito pessoal e iminente.
Esse é apenas um exemplo, mas fica evidente em quase todos os diálogos do episódio que a crítica social será sempre presente no decorrer da temporada, apostando não só no misterioso caso de assassinato apresentado na primeira cena, mas também em todos os dilemas pessoais de cada personagem e como isso desencadeará em um dilema ainda maior.
Corroborando com isso a série se utiliza de uma fotografia quente, constantemente amarelada e muito bem aproveitada pela equipe de design de produção, que nos dá a constante sensação de que há uma penumbra naquele ambiente, um calor constante e que sempre haverá algo a ser saciado, como se nada ali estivesse completamente bem.
A acidez do primeiro episódio The White Lotus e o constante incômodo causado pela série aparenta ser o alicerce para continuar os demais episódios, seja através das pistas que ainda virão sobre o assassinato, ou através das reflexões sociais.
Dado o exemplo do episódio piloto, a série tem potencial para entregar um roteiro conciso, integrado entre si e as demais linguagens não verbais que irão unificar a produção e a tornar em algo singular, uma junção de engrenagens funcionando perfeitamente bem.
Nota: 9,0
A trilha sonora é bem esquisitinha mesmo kkkkkk mas eu amo
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Review perfeita! Sintetiza bastante os sentimentos que vêm à tona ao ver a série!
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Série de Mike White que já jogou Survivor e The Amazing Race.
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review perfeita deu até vontade de assistir o piloto!
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