Escrito por: Pedro Rubens
O mercado audiovisual brasileiro se consolidou e por muito tempo foi conhecido pelas suas inúmeras novelas e produções televisivas. Isso levou a tantas outras produções de fora desse âmbito a beber dessas águas e, de forma sutil ou não, entregar narrativas que evidenciam as suas referências novelísticas. Isso até pode ser utilizado de forma completamente positiva, mas o que acontece com DOM é o extremo oposto.
Durante o episódio piloto somos apresentados a Victor, um policial que trabalha no combate às drogas enquanto seu filho Pedro se entrega por completo à dependência química. A série é muito bem alicerçada nesses dois eixos e transita abordando temáticas que possuem relação direta entre eles, seja a relação pai e filho no combate ao vício ou na corrupção que existe infiltrada no sistema policial do Rio de Janeiro.
A história não traz nada de novo, nada que tantas novelas já não tenham abordado. E se isso já não fosse um grande problema, a série se entrega por completo ao método de filmagem que as novelas abraçam: transições que não fazem o menor sentido e não ligam as cenas, close-ups em momentos inoportunos e em locais que objetificam os personagens, o colorido das luzes do morro, no baile funk, mais parece uma aberração e causam desconforto no embaraço das cenas que se passam ali.
As cenas ainda precisam se dividir entre transitar no passado e presente, com cenas de flashbacks sobre a juventude de Victor e seus primeiros passos na caminhada como policial. Aqui, na tentativa de não repetir o que as novelas fazem ao contar de forma sequencial os atos do passado e mudar de fase por completo, a série perde o ritmo que as cenas poderiam proporcionar.
Se há algo de muito positivo no piloto, isto fica por conta de Gabriel Leone que parece não precisar de direção nenhuma ao controlar o roteiro com a palma da mão e dar vida a Pedro, personificando um jovem dependente químico, que vive no limiar entre o desejo de consumir cada vez mais enquanto luta para resistir e ter uma vida livre do vício.
Infelizmente DOM até tentou atrair os olhares do público para o próximo por meio de um cliff bem conhecido do público das novelas brasileiras, porém, diante da descredibilidade no seu próprio potencial a série deixa a desejar.
Nota: 6.0