Review: Halston
Desde muito novo aprendi que se você pretende contar uma história é aconselhável que haja um fio condutor para lhe guiar durante tudo o que você pretende falar, mas sem esquecer do foco principal. Em 'Halston (2021)', nova aposta da Netflix, isso está bem longe de acontecer...
A série acompanha a história do designer Halston em busca da fama, a ascensão do seu império e a ruína ocasionada pelo vício. É inegável a grandiosidade do trabalho do protagonista, vivido por Ewan McGregor, e a busca por sempre criar algo capaz de saciar seu desejo de mudar a moda americana.
Mas é exatamente na sede de grandiosidade que a série se perde. O roteiro é confuso, parece não ter um foco e aposta em diversos momentos aleatórios da história do estilista, obtendo apenas uma narrativa estranha, com saltos temporais que deixam diversas pontas soltas e que não são explicadas até o final da temporada.
Outro ponto completamente desnecessário e que não faz o menor sentido é a apresentação de flashbacks, mostrando a infância traumática que o protagonista vivia e apresentando os primeiros chapéus criados para trazer alegria, mesmo que momentânea, à sua mãe vítima de agressão domiciliar.
O excesso de flashback forçando o espectador a entender como começou a paixão de Halston pela moda faz ainda menos sentido quando você descobre o que ocorreu com sua mãe, que aparentemente era sua ligação com aquele universo.
A estética da série é um ponto positivo: trabalhar com uma fotografia simples e nada contemporânea, reproduzindo produções dos anos em que a série se passa em sua maioria, 1970-1980, faz com que você se sinta confortável visualmente pois mesmo se tratando de uma série que esteja envolta no ambiente da moda ainda assim não existem extravagâncias visuais. Isto pelo menos soa harmônico nos cinco episódios!
A fotografia utilizando-se das cores como forma de expressão é característica de Ryan Murphy, que assina como Produtor Executivo. Este, que possui contrato de exclusividade com a Netflix, infelizmente ainda não conseguiu chegar ao ápice da sua carreira e continua deixando a desejar.
Outro ponto positivo foi a escolha do elenco, composto por Ewan McGregor, Rebeca Dayan, Gyan Franco Rodriguez, Krysta Rodriguez e até Vera Farmiga. Grandes nomes mas que lamentavelmente sofrem com as escolhas do roteiro e entregam atuações que, aparentemente, nem eles confiam no que estão encenando.
Essa série é um belo exemplo de como o processo criativo unificado faz a diferença, onde as pessoas envolvidas pensam como um todo, visando uma história com início, meio e fim, conduzida por um fio que entrelaça todos os seus pontos e leva ao gran finale.
Escrito por: Pedro Rubens Halston