Muito misticismo sem sentido e sem explicação, esperava algo mais próximo ao que Freud pregava. Uma aproximação entre os casos e sua visão destes usando da teoria psicanalítica talvez cairia melhor.

Confusa sobre o que achei da série. Comecei curiosa, depois fui achando bizarra, aí fiquei intrigada, voltei para o estágio da bizarrice de novo, prossegui na loucura e no final achei interessante. Os episódios do sonambulismo e o da catarse foram sensacionais. Acho até que se a série tivesse dado mais espaço a essa parte, e pesado menos a mão no sobrenatural, teria gostado mais. O poder mediúnico da Fleur me soou confuso alguma vezes, ela tem visões + prevê o futuro + sofre de transtorno dissociativo de personalidade - Táltos? Não ficou muito claro pra mim o que é Táltos. De qualquer forma, a personagem tem camadas e é interessante. Gostei da ambientação, fotografia, e do elenco que entrega boas atuações. Acho que o roteiro atira em muitas direções, feitiçaria, ocultismo, loucura, sobrenatural, crime, investigação, e por isso senti um pouco aquela sensação de farofa narrativa. Mas, ainda assim, acho que a série constrói metáforas, alegorias interessantes e com uma abordagem até original.

Aquelas cenas onde as pessoas saíam de uma espécie de "casulo" de sangue, me lembrou na verdade uma placenta. Pensei isso porque os crimes investigados envolviam relações parentais. Tinham um viés de trauma - infância ou algo do passado, o que obrigaria as pessoas envolvidas ao movimento de 'retornar' à raiz daquilo, meio que voltarem ao estágio inicial do trauma/memória reprimida, pra então confrontar esse trauma/ou a si mesmo, passar pela catarse, expurgação e assim libertação. Tipo, retornar > regressão > catarse > "nascer de novo", por isso o casulo pra mim poderia ser uma placenta. (?) Pelo menos foi isso o que pensei na hora.

Eu não vejo nenhum problema na ideia de criar uma história totalmente fictícia ou pegar um personagem real e criar uma trama para ele.

Na própria Netflix tem várias assim Marco Polo, Versailles, The Crown, Reing, Vikings etc.. algumas mais precisas outras menos, porém todas não são a melhor fonte documental para veracidade deles. E não estou julgando se são boas ou ruins, apenas que devem ser tratadas como são: ficções.

E não acho que nenhum momento, logo no trailler, no primeiro episodio.. tentaram nos enganar que era algo "documental", foi deixado bem escancarado que eles iam voar livre.

Dito isso, uma série usando Freud, conceitos da psicologia e da psicanalise, e a ideia dele usando isso para investigar homicídios, principalmente algo como um "serial killer" é bem legal, ao mesmo tempo que rola uma conspiração política é uma ideia interessante.

Só fiquei desconfortável com a escolha da série (foco que não é um erro pois não foi sem querer, foi de próposito criado assim) de dialogar com um certo misticismo. Se ele tivesse usando como base no começo da trama, e depois revelasse com uma explicação cientifica ficaria foda, mas a serie não deixa a gente pensar assim, tanto com Sophia von Szápáry capaz de hipnotizar com uma única palavra quanto Salomé que foi explicada que tinha um "dom" natural para hipnose.

Mas é uma questão de opinião de qualquer forma, mas é isso, eu teria diminuído o peso do sobrenatural na série, e focasse mais no mistérios dos crimes.

Não sou psicologo então não sei dizer quais conceitos de Freud foram totalmente disvirtuaodos ou quais tem algum sentido, mas sou historiador e posso dar uns pitacos:

Se a série for planejada para futuras temporadas gastou o nome "Salomé" muito fácil, a verdadeira Lou-Andreas Salomé (grande filosofa e psicanalista) seria um acréscimo muito legal em outra temporada, e Fleur Salomé poderia ter qualquer outro sobrenome que não fez diferença nenhuma para trama.

Existem vários detalhes de cotidiano perfeitos.. como muitos homens terem cicatrizes ou os dedos sujos de tinta, e qualquer parte da produção tá muiiito boa.

Mas.. a série se passa em 1886.. e é dito que a mãe do príncipe Rodolfo está morta, e isso não verdade.. A Imperatriz Isabel ela foi morrer só 1898, nove anos depois que o próprio Rodolfo vai morrer. Além disso Rodolfo já é casado desde 1881 com Estefânia, filha do rei da Belgica.

E a própria morte de Rodolfo três anos depois do ano da série, ou seja 1889, pode ser amarrado com que foi contato na série para ser usado, pois ele vai se suicidar junto com sua amante de 17 anos (em 89 ele terá 30 anos).

Para terem uma ideia, ele era o único filho homem do Imperador Francisco da Áustria, por isso quando o imperador morreu, quem assume é o irmão do Francisco, o arquiduque Carlos Luis, este abdica para seu filho assumir, o arquiduque Francisco Fernando que como alguns sabem quando este é morto, é o estopim da Primeira Guerra Mundial.

Obviamente não tem como saber se Rodolfo não tivesse se matado, e tornando imperador, se teriamos a primeira guerra, mas é algo legal de pensar.. ainda mais que a morte dele é cheia de mistérios.

Pois, muita gente não compra a ideia que Rodolfo se matou, primeiramente a Coroa tentou esconder tudo, dizendo que o principe tinha morrido do coração, depois quando descobriram que a amante tinha morrido junto, tal fato caiu.

Então disseram que ele estava "desequilibrado mentalmente", com neuroses e tudo mais (olha onde a série se encaixaria).. e isso vai ser a justificativa para o pai convencer a Igreja dele ser enterrado na Cripta Imperial, o que em teoria não poderia pois ele era um homicida ao matar a amante e um suicida.

Obviamente foi criado várias teorias, várias lendas urbanas além do suicídio amoroso do casal que não poderia ficar junto pq ele não podia divorciar da esposa. Mas dizem tb que foi a esposa que mandou matar o esposo traidor. Ou se ma

Uma teoria é como na série meio que dá entender, com o pai o chamando de Liberal e tal.. Rodolfo realmente era simpatizante da Hungria, e talvez tivesse disposto separar os dois reinos. E pessoas da própria Áustria (talvez seu pai?) ou da Alemanha (que não queria que isso acontecesse) o mataram para impedir que um dia ele assumisse o trono.

Esta ultima poderia ser usada na série e teria sido até legal. Enfim.. é isso XD

Me incomodou mt eles usarem o nome do Freud como bait, pq a gente fica achando q é sobre a vida do Freud de verdade, e a série é essa piração fantasiosa! Achei desonesto!

Foi uma grande releitura, uma analogia, sobre o Id, aquele eu selvagem, o pulsional, o animal.

Trata também do peso acarretado no reprimir traumas e disso fortalecer versões de si tão complexas e difíceis de compreender.

Indo além, traz um pouco da cura pela fala. Aí vem o valor da hipnose, tão martelada na série e que proporcionou toda a ficção.

"Não escreva livros sobre mim.
Escreva livros por causa de mim."

"O que a pessoa se tornou era o seu maior desejo."

Cereja do bolo: o divã sutilmente bem cuidado no final.
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A produção estética é louvável.

Também é importante parabenizar as atuações, principalmente de Ella Rumpf (Fleur), mas todas são excelentes. Me chamou ainda mais a atenção os olhares dos atores - sempre "verdadeiros".