hitting the fan um marco mesmo

Nossa, mas eu dei tanta risada com o David Lee batendo no vidro e berrando pela Diane diante dela. E a reação dela, caminhando calmamente, falando “hello David” HAHA. Eu amo TANTO esse humor involuntário, vou sentir muitas saudades disso.

E o twist envolvendo STR Laurie e o Ri’Chard foi maravilhoso. Amei demais ele assumindo a representação jurídica na cara do David e de quebra, ainda o demitiu. Lenda demais.

Aliás, destaco muito nesse episódio o diálogo que Ri’Chard e Diane tiveram sobre Deus. Muito forte, cru e sincero.

eu não esperava que os king iam escalar o plot do tribunal de mentira desse jeito. UGH THEIR MIND

a quimica da diane com o doutor ta tao forte mds mas queria logo que ela resolvesse as coisas com o kurt

Minha The Good Fight tá VIIIIVAAAAA CARAAAALHOOO!!!

Eu sou apaixonado pelo trabalho dos Kings e sempre digo que pra mim estar há 11 anos acompanhando as obras deles é tipo fazer uma escola de texto e diálogos com o trabalho maravilhoso e sem igual dos dois e da equipe de roteiristas.

Mas essa última temporada não vinha me agradando tanto quanto as anteriores.

Eu entendo - e amo - o fato de The Good Fight ser uma série na qual foi dada permissão para eles serem muito mais insanos e experimentais, e isso fez com que cada temporada tivesse características bem distintas umas das outras, mas essa sexta, ainda mais como última, tava causando muito estranhamento, tudo diferente demais. Mas eu tinha fé que em algum momento eu fosse entender essas escolhas, e sinto que nesse episódio as coisas começaram finalmente a se encaixar pra uma reta final bombástica - como a própria equipe da série vem prometendo.

Como uma série que se preza - sempre prezou, desde a cena de abertura com Diane assistindo o resultado das eleições do Trump - a refletir o zeitgeist e a insanidade e desdobramentos do cenário sociopolítico americano, causar estranhamento e desconforto faz todo o sentindo. E é um sentimento que se reflete em vários outros lugares do mundo. Essa semana, reta final das eleições do Brasil, tá aí - uma insanidade atrás da outra, um senso de desamparo, um clima esquisito, uma onda de instabilidade crescente e acontecimentos que vão cada vez mais testando o limite do ridículo. Isso tudo somado à pandemia que acabamos de atravessar e outras questões do mundo me fazem afirmar que nunca vivi um período tão absurdo e estranho quanto o presente.

A equipe de The Good Fight sabe disso - e utiliza técnicas para dramatizar esses cenários e sentimentos de caos e desamparo magistralmente. E a série não explora apenas o que tempos como esses que a gente vive podem causar a nível macro, nas instituições e em grupos e organizações que surtem grande impacto no cenário político geral. Ela explora a maneira como isso pode nos impactar no micro também. Não à toa Diane passou a temporada querendo uma trégua da realidade e fazendo tratamento experimental contra depressão. Marissa teve momentos de neurose (justificada) e está investindo em lições de autodefesa. Jay se sente desamparado e está à procura de uma missão que o faça seguir lutando a boa luta, em uma realidade onde parece o tempo todo que o bem vai perder e que a perversidade prevalece. Essas personagens e seus dilemas e questões internas refletem muito do que os últimos anos causaram na gente. Quantas pessoas não ficaram deprimidas com esse cenário que a gente vive? Quem não entrou em pânico em algum momento nos últimos anos? Acho que a sensação de que as coisas já não fazem mais sentido e/ou de derrota e desamparo visitou muita gente.

É maravilhoso ver uma série que se preze a refletir isso no seu texto, em tudo quanto é âmbito - nas tramas, nos diálogos, nas personagens, até na trilha sonora e atmosfera de alguns episódios dessa temporada. E é ousado pra caralho escolher encerrar um universo narrativo que soma 13 temporadas e 14 anos com uma construção dramática dessas. Sigo sendo fã ferrenho de Robert e Michelle, e pra repetir uma frase que já usei em alguns comentários aqui no BdS: "In Kings we Trust" (mas só nesses 2 específicos haha).

Obs:

- A menção de David Lee aos acontecimentos da 5a temporada de The Good Wife me deu vontade de revê-la todinha. Que época, que emoção foi acompanhar aquela temporada semana após semana. Uma das melhores já escritas na história da TV.

- Que diálogos MARAVILHOSOS entre Diane e Ri'Chard sobre fé e religião e Diane com o Doutor sobre a meditação e ter/procurar ou não a paz em meio a um mundo caótico. Esses dilemas tão humanos, tão nossos, sendo tratados nessas conversas entre as personagens e com o elenco maravilhoso dessa série - isso pra mim é ouro, das coisas que mais vou sentir falta quando terminar.

- Curiosíssimo pra ver os desdobramentos do Ri'Chard investigando o desempenho da Diane com o tratamento no último ano. Acho que vamos ver um embate de fidelidade nessa reta final - será que Jay e Liz vão ficar do lado do Ri'Chard se ele resolver atacar isso ou do lado da Diane? É um tipo de conflito que é bem característico de The Good Wife e The Good Fight - como o próprio David Lee lembrou nesse episódio. Acho que teria tudo a ver trazer algo que é familiar pra encerrar esses últimos 2 episódios - ao mesmo tempo em que outras tramas continuam trabalhando coisas mais insanas.

- Amando ver a relação da Marissa e da Carmem sendo desenvolvida nessa temporada, mesmo que de maneira terciária. Uma coisa que sinto falta das 2 primeiras temporadas de The Good Fight é a maneira como trabalhavam as relações de Marissa, Lucca e Maya. A série era menos caótica e acabava tendo mais tempo de desenvolvimento para essas relações entre personagens - tem seus lados positivos e negativos abrir mão de uma estrutura mais convencional pra seguir vários caminhos diferentes como The Good Fight apostou de forma mais intensa da 3a temporada em diante.