Escrito por: Pedro Rubens
Revivals e reboots são cada vez mais constantes. Seja em filmes, seja em séries, esse tipo de produção vem crescendo e, em sua maioria, não agrada o público nem tampouco a crítica. Depois de 17 anos, trazer de volta um personagem amado pelo público como protagonista de uma série aparenta ser um movimento arriscado e talvez até um tiro no próprio pé, exceto quando esse personagem é nosso mestre Kenobi.
Obi-Wan Kenobi, nova série do universo Star Wars produzida pelo Disney+, traz de volta nosso amado mestre jedi 10 anos após a morte do seu padawan Anakin Skywalker e a ascensão do Império. Vivendo às sombras de uma Tatooine oprimida pelos governantes, Obi-Wan torna-se alvo e precisa a todo custo se esconder enquanto lida com uma nova missão importantíssima.
O piloto não tem arrodeios e sua construção narrativa funciona como uma espécie de primeiro ato, como estamos acostumados a ver em filmes. O terreno foi aplainado, o alicerce foi construído e agora é hora de prosseguir com o desenvolvimento da temporada.
Pode até parecer conversa de fã emocionado, mas durante os 52 minutos de episódio Obi-Wan Kenobi cumpre o papel de ambientar o enredo, trazer de volta personagens antigos e apresentar os novos. Além de tudo isso ainda aponta para o caminho que percorreremos no decorrer da série.
Com um roteiro perfeitamente equilibrado, a produção nos leva de volta ao encontro de um velho amigo que há muito tempo deixou saudades. Ewan McGregor parece nunca ter tirado sua capa e mostra que Kenobi sempre fez parte da sua existência, assim como a Força se comprova como sendo parte do protagonista e nunca o abandonando.
Por mais que estejamos vendo um Jedi que tenta a todo custo abrir mão de quem é e luta contra os traumas por ter perdido seu padawan para o lado sombrio da força, ainda assim enxergamos esperança e ânimo vindo de alguém desesperançado e desanimado. Pode não fazer o menor sentido, mas Obi-Wan exala isso a todo momento durante o episódio.
A apresentação d’Os Inquisidores como possíveis antagonistas, abrindo espaço para uma ameaça ainda maior, se contrapõe à força e vigor que vem do nosso mestre Jedi. Se por um lado vemos um símbolo de esperança, por outro vemos o medo e a escuridão de um Império Galáctico que não está tão distante assim do nosso atual cenário político.
Estabelecida onde se encontra no cânone, a narrativa abre a porta para o arco principal. Instigado pela cena final, a série mostra que não pretende perder tempo e aproveitará seus seis episódios perfeitamente bem para desenvolver protagonistas, coadjuvantes e explorar histórias que se liguem aos Skywalkers mas que funcionem independentes deles, vide a caçada aos Jedis.
Obi-Wan Kenobi nos traz o abraço de um amigo que, com muito pesar, não vemos há anos, mas que agora volta para nos ensinar e encorajar, dando esperança e renovo para uma saga que, ao meu ver, é a maior de todos os tempos. Que a Força esteja conosco assim como esteve com Obi-Wan, mesmo quando ele achou que estivesse sozinho e abandonado por tudo e todos.
Nota: 9.5