Escrito por: Pedro Rubens
A decisão de renovar uma série pode ser resposta a inúmeras questões. Do número de audiência à aclamação crítica, qualquer motivo também pode levar uma série a ser cancelada. Algumas, mais do que outras, parecem ter nascido apenas para uma temporada, e eis que do nada, surge a temida renovação…
Hacks acompanha a vida decadente de Deborah, uma veterana da comédia que não consegue mais sustentar seu próprio stand-up. Ao contratar uma jovem roteirista para lhe escrever novas piadas suas vidas se cruzam entre o ódio uma pela outra e a necessidade de juntas construírem um show que eleve a carreira de humorista.
O primeiro episódio do segundo ano não perde tempo e coloca as coisas no lugar, ambientando o público sobre onde a série parou, o que aconteceu a partir dali e referenciando os principais eventos da temporada anterior. É importante adotar esse tipo de estratégia até para que o espectador se sinta novamente em casa.
Mas sem perder tempo, enquanto nos convida a sentar à mesa, Hacks propõe um banquete inovador. O roteiro é, de fato, perspicaz e ousado investindo na desconstrução de antigas narrativas e construindo novos arcos.
A maneira como a série mostra que é capaz de se reinventar e criar algo que justifique a renovação é genial! Os dois primeiros episódios passam e quando menos espera você já quer o próximo.
A atuação arrebatadora de Jean Smart, somada com o talento indescritível de Hannah Einbinder fazem de Hacks uma das melhores comédias da atualidade. E falo isso sem medo! A capacidade que as duas possuem de transitar na linha tênue entre o amor e o ódio é esplendorosa e me permite ficar ainda mais fã de ambas, se é que isso é possível.
Se na primeira temporada a série se propõe a mostrar o choque de gerações e a necessidade de adaptação de ambas as partes, o segundo ano tem por objetivo adentrar ainda mais nesse tema e o faz com naturalidade e maestria. Da mesma forma como decide todas as demais temáticas abordadas, como assédio sexual, questões de gênero e, o tema mais rotineiro de todos, o amor.
O retorno de Hacks prova que nem toda renovação é ruim, pelo contrário, aqui vemos uma série que volta cheia de si, mais forte do que na temporada anterior e mostrando que é possível fugir do padrão de renovações exclusivamente por dinheiro.
Há uma mensagem que essa série deixa desde sua estreia e ultrapassa as telas, as questões de narrativa, roteiro, atuação e tudo que envolve a parte técnica. Hacks ensina aquilo que sua protagonista, talvez, ainda não tenha entendido: é só ter amor pelo que faz e tudo dá certo.
Nota: 9.0
achei que não fosse possível, mas essa segunda temporada está parecendo ser melhor que a primeira! amando os arcos apresentados até agora!
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