Escrito por: Pedro Rubens
Dividir uma temporada em várias partes já se tornou característico da Netflix, vide La Casa de Papel e suas cansativas e desnecessárias divisões que só faz prolongar uma série previamente planejada para ser uma única temporada mas que ainda não chegou ao seu fim.
A fórmula de fracionar uma série se repete em Lupin, porém de forma moderada, tendo em vista que aqui vemos apenas 5 episódios em cada uma de suas partes, inicialmente apresentou uma narrativa muito semelhante a outras que já vimos, onde o protagonista planeja um roubo mirabolante e nas cenas a magia é explicada, o plano é detalhado e o entende como tudo aquilo aconteceu.
Os cinco primeiros episódios entregam um roteiro repleto de clichês, reviravoltas que não inovam em nada e totalmente previsíveis para quem está assistindo capaz até de entender o que vai acontecer nos últimos momentos da primeira parte. Talvez aqui o problema seja a ligação que os roteiristas tentam fazer ao ligar a série de uma forma que contextualiza o homônimo livro Arsène Lupin, obra de 1905 do escritor Maurice Leblanc.
Por sua vez, a segunda parte consegue se desprender dessa constante ligação com o livro, mesmo que fazer citações diretas, porém utiliza-se disso de forma inteligente inteligente e entrega episódios com a dosagem certa de investigação, crime e ação, esta última diga-se de passagem, está em altíssimos níveis melhores do que na primeira parte.
O destaque da série é o carisma e a singeleza da atuação de Omar Sy, que vive a protagonista e divide suas cenas com o estreante Mamadou Haidara, vivendo o personagem em sua versão jovem, trazendo flashbacks que tornam a história mais robusta ao tratar questões raciais e socioeconômicas, como começou sua paixão por Arsène Lupin , bem como apresentar os acontecimentos que envolveram seu pai e tornou-se o estopim em busca de solução para o caso.
Mesmo com um elenco muito bem escalado para cada personagem, o show se perde por faltar algo, durante todos os episódios você percebe que há algo desconexo, falta algo que solidifica a série e molde seu aspecto, ganhando assim independência sem se prender a outras produções da casa.
Como pontas que ficaram soltas ao fim da temporada deixou em aberto o futuro de Lupin e talvez seja essa oportunidade da série para mostrar quem é, para que veio e onde deseja chegar com uma história que, a depender da protagonista, ainda pode render alguns bons momentos.
Nota 7,75